Hábitos de vida e condições de saúde dos caminhoneiros de Bauru

Autores

DOI:

https://doi.org/10.61661/congresso.cbmev.6.2023.65

Palavras-chave:

caminhoneiros, Profissionais de saúde, hábitos de vida

Resumo

Introdução: Motoristas são profissionais suscetíveis a prejuízos na saúde, pois em tal ocupação há exposição a sedentarismo, hábitos alimentares inadequados, obesidade, uso de álcool e tabaco, sono sem qualidade, dentre outros1,2,3. A profissão também interfere na convivência familiar e na vida social do motorista. Objetivos: Este estudo teve como objetivo principal realizar uma análise epidemiológica do estado de saúde de caminhoneiros e motoristas, observando a prevalência de certas doenças, como hipertensão arterial, diabetes, lombalgia, infecções sexualmente transmissíveis (IST) e doenças oculares; bem como hábitos de vida de risco para desenvolvimento dessas doenças, como alimentação, controle de tóxicos (drogas e álcool) e sono. Além da aplicação de questionários, foram realizadas atividades educativas sobre as condições supracitadas para os entrevistados. Método: Foram avaliados motoristas adultos acima de 18 anos sobre diversos aspectos de saúde durante o ano de 2023, por meio da aplicação de questionários e da realização de exame físico nos participantes, a fim de se observar os hábitos de vida e o estado de saúde da população estudada. Ao final da avaliação, partia-se para atividades educativas relacionadas especificamente às condições clínicas observadas em cada motorista entrevistado. O estado de saúde dos participantes foi avaliado a partir de exame físico, medidas antropométricas, exame oftalmoscópico, análise do teste de triagem do envolvimento com álcool, tabaco e outras substâncias (ASSIST)1, medidas de pressão e de glicemia. Todos os dados coletados foram anotados em prontuários preparados especialmente para tal fim. Este estudo obteve aprovação do comitê de ética da instituição (CAAE: 65520522.9.0000.5417). Resultados: Ao final deste estudo, foram entrevistados 71 motoristas que aceitaram participar da pesquisa. Os dados coletados demonstraram que a população estudada apresenta idade entre 26 e 78 anos, todos do sexo masculino, sendo que a maioria (69,01%) tem pelo menos um filho. Quanto a períodos de folga, as respostas foram variadas, sendo que a maioria (38,02%) afirmou ter folga dois a três dias por semana; dois, (2,81%) 36 horas por semana; dois (2,81%) alegaram somente parar para “comer e dormir”; e 34 (47,89%) não possuíam um padrão estabelecido para descanso. Em relação às medidas antropométricas, enquanto em apenas 19,71% dos entrevistados foi observado um índice de massa corporal (IMC) dentro da normalidade, em 43,66% e 33,8% dos participantes, respectivamente, foi identificado sobrepeso e algum grau de obesidade. A partir da relação cintura-quadril, obteve-se que 36,67% dos entrevistados possui um risco muito alto para doenças relacionadas à obesidade. Ademais, o risco cardiovascular aumentado (baseado no valor de circunferência abdominal) encontrou-se presente em 76,05% dos participantes.
Dentro do leque de doenças crônicas, mais da metade (52%) dos participantes apresentou elevação da pressão arterial em medida única, sendo que 15% já apresentavam alguma doença vascular previamente diagnosticada e outros 15% alguma doença renal. Na avaliação do diabetes, apenas 3% dos motoristas apresentou glicemia capilar acima de 200 mg/dL, mas 12% já identificaram sintomas sugestivos da doença. Além disso, 45% relataram algum desconforto por conta de lombalgias, 55% necessitam do uso de óculos ou de lente com grau e 70% afirmaram não fazer uso de preservativos em qualquer relação sexual, sendo que 15% já tiveram alguma IST. A partir do escore ASSIST, observou-se padrão de abuso de consumo de álcool em quatro (5,63%) dos participantes, e uso sugestivo de dependência de tabaco em um (1,41%) participante. O relato de uso de outras drogas foi esporádico ou de consumo prévio único, de modo que não houve pontuação significante no escore ASSIST. Por fim, 20% relataram possuir padrão de sono insatisfatório, devido a longas jornadas de trabalho e/ou locais de estadia inadequados. O estado geral de saúde dos participantes revelou tendência ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. Conclusões: A partir dos dados obtidos, pôde-se concluir que a população desta pesquisa é submetida a uma rotina extenuante de poucas horas de sono por noite, longas jornadas de trabalho com poucas pausas durante o dia e grande variação de localidades em direção. Devido ao sedentarismo e à necessidade de refeições rápidas fora de casa, grande parte da amostra de motoristas encontra-se em sobrepeso ou obesidade, com pressão arterial elevada e com doenças crônicas associadas. Nesse cenário, verifica-se que os fatores de risco à saúde apresentados por essa população estão intrinsecamente ligados ao seu estilo de vida. Isso corrobora não apenas para o agravamento de múltiplas doenças que alguns desses trabalhadores já apresentam, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes e doenças renais, mas também para o desenvolvimento de outras doenças crônicas progressivamente debilitantes.

Biografia do Autor

Maria Gorete Teixeira Morais, Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Igor José Nogueira Gualberto, Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Rodrigo Kendi Murakami , Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Gabriel Araújo Medeiros , Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Julia Tres, Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Lucas Massayuki Shiraishi, Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Aline Kimmy Ikemoto Sato, Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Bella Luna Colombini Ishhikiriama, Faculdade de Odontologia, USP, Bauru, SP, Brasil

Referências

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Publicado

2023-10-27

Como Citar

1.
Morais MGT, Gualberto IJN, Murakami RK, Medeiros GA, Tres J, Shiraishi LM, Sato AKI, Ishhikiriama BLC. Hábitos de vida e condições de saúde dos caminhoneiros de Bauru. Congresso Brasileiro de Medicina do Estilo de Vida [Internet]. 27º de outubro de 2023 [citado 21º de novembro de 2024];6. Disponível em: https://publicacoes.cbmev.org.br/cbmev/article/view/65

Edição

Seção

Avaliação Clínica e Diagnóstico em Medicina do Estilo de Vida